domingo, 1 de agosto de 2021

Olhão em 1867

 


Excerto do artigo "O Algarve em 1867 ou um retrato arrasador dos algarvios e da região – Loulé, Monchique e Olhão" [Sul Informação, 01/08/2021] de Aurélio Nuno Cabrita.

"Sobre Olhão redigiu: «este concelho, que ainda no primeiro quartel do presente seculo pertencia ao de Faro, tem crescido muito em população e com especialidade a villa, que tendo em 1839 apenas 1:128 fogos, conta hoje 2:000, sendo uma das terras do districto mais povoadas e de maior actividade industrial, principalmente nos ramos do commercio e da pesca e navegação».

O antigo lugar de Olhão crescera e afirmava-se, era aproximadamente 3 vezes maior que a vila de Loulé. A gestão municipal que tinha sido alvo merecia também aqui críticas de Aires Garrido: «longo tempo descurada a sua administração municipal, foi a causa não só de se deixar crescer a villa muito irregularmente, fazendo-se construcções sem alinhamento e sem ordem, por forma que a maior parte das ruas são muito estreitas e tortuosas e muitos becos fechados».

Mas tal era passado, reconhecia que a vereação se mostrava empenhada em efetuar diversos investimentos, apesar de tolhidos pela dívida e pelas despesas municipais, tornando-se necessário a realização de um empréstimo, que estavam em vias de aceitar.

É certo que havia o passivo, mas também os melhoramentos eram uma realidade, «fez-se ali ha pouco um excellente mercado para o peixe, e se continua, posto que Ientamente, na construcção do caes ao longo da villa, pela beira da ria».

Esta última constituía uma obra de grande importância e similarmente de avultada despesa, a par de outras de que o concelho carecia: «a câmara não tem edificio municipal proprio, estando em casas de aluguer as secretarias municipal e da administração do concelho, o tribunal de Justiça, a repartição de fazenda, a estacão telegraphica, as escolas e a mesma cadeia publica».

Edifícios que apesar de alugados eram inadequados, porém não os havia em melhores condições, pelo que para o governador se tornava «indispensavel a construcção de um edificio em que todas sejam collocadas».

Precisava também de calcetar a maior parte das ruas da vila, bem como de efetuar outros melhoramentos considerados urgentes. Todavia, pelas receitas que a autarquia cobrava e a dívida, a realização da maioria destes investimentos, que «podiam estar já concluidos, se tivesse havido zêlo e economia na administração do municipio da parte das vereações transactas», só seria possível através de um crédito, era impossível aumentar mais os impostos.

Quer Olhão, quer as freguesias tinham cemitérios «regulares»."


"Em termos contabilísticos os orçamentos estavam aprovados até 1852-1853, encontrando-se em análise ou aguardando o seu envio os anos seguintes.

A «escripturação dos livros de contabilidade municipal não está completa, devida esta falta ao impedimento do escrivão, que ultimamente foi exonerado e substituído», faltavam ainda alguns volumes de legislação, enquanto outros se encontravam desencadernados.

Aires Garrido deu ainda nota de outras irregularidades, mas que entretanto tinham sido remediadas, tendo o presidente demonstrado «a melhor vontade de bem cumprir».

A nível das juntas de paróquia não foram detetadas desconformidades notáveis, «a não ser a falta de tomada de contas».

O concelho congregava em 1864, de acordo com o Censo, 14 054 habitantes. A vila não tinha Misericórdia, embora esta fosse uma realidade na freguesia de Moncarapacho. Não havia hospital mas associações de socorros mútuos, com um total de 65 sócios «artistas».

Por sua vez, o compromisso marítimo de Olhão era o segundo que tinha mais associados em todo o distrito, depois de Tavira. Note-se que a Fuzeta pertencia ainda a Tavira, só integrou o concelho a 22/3/1876.

Na via pública 462 indivíduos pediam esmola (3,2%), enquanto 42 (0,3%) sobreviviam da caridade, sem mendigar.

Existiam 4 escolas públicas, 3 para rapazes, frequentadas assiduamente por 64 alunos e 1 feminina com 55 alunas, bem como 3 privadas masculinas, que ministravam as primeiras letras a 78 rapazes. Ainda assim, somente 8,9% do total de miúdos estudava, percentagem que reduzia para 3,2% para as meninas."

in "O Algarve em 1867 ou um retrato arrasador dos algarvios e da região – Loulé, Monchique e Olhão" [Sul Informação, 01/08/2021]



segunda-feira, 5 de julho de 2021

Comerciante de Olhão recuperou o que lhe haviam furtado (1982)

 



Transcrição da Notícia de 1982:

"Recuperou o que lhe haviam furtado fazendo-se detective . 

Nos primeiros dias do passado mês de Agosto, um comerciante de Olhão foi «visitado» pelos larápios que Ihe levaram 115 peles de raposa e 10 de ginete, avaliadas em cerca de 200 contos. Feita a participação às autoridades, e não contente com o andamento das investigações, o comerciante armou-se em detective e, fazendo-se passar por comprador de peles, deu com o assaltante e com as peles em Lisboa. Aqui esta um homem esperto..."

in  "Comarca de Arganil" (25 de Setembro de 1982)

 


sexta-feira, 28 de maio de 2021

Postal Olhão [033]

Bilhete Postal
Referência: Não disponível.
Edição: Souza & Ventura.

Legenda: Olhão. Portugal. Largo fronteiro aos dois mercados.
 

Os icónicos Mercados de Olhão, inaugurados em 1916. A foto reproduzida no postal é portanto do período entre 1916 e 1931 (a data de circulação deste postal em particular).

Detalhes:



O verso do postal:

Uma mensagem pessoal com data de 16 de Junho de 1931, com carimbo dos Correios de Coimbra do dia seguinte.


A vista actual:



Digitalizado e Editado por "Olhão do Antigamente".
>>Arquivo dos Postais.


quinta-feira, 27 de maio de 2021

Inauguração Doca de Olhão (1956)

A Doca de Olhão - ou os melhoramentos - foi inaugurada oficialmente no dia 28 de Maio de 1956, integrada nas comemorações do 30º aniversário do regime do Estado Novo.

Vídeo da Inauguração Doca de Olhão e um Molhe (1956) excerto do noticiário de actualidades "Imagens de Portugal 86-B".

 

Mais algumas imagens do curto segmento:

 

Destaques do jornal "Diário Popular" Nº 4900 com data de 28 de Maio de 1956:
"O Aproveitamento Hidroagrícola das campinas de Silves, Portimão e Lagoa e a Doca de Pesca de Olhão foram inaugurados hoje pelo Ministro da Presidência"

(...)a doca de pesca de Olhão, foi solenemente inaugurada pelo sr. prof. dr. Marcelo Caetano, Ministro da Presidência, na presença dos srs. Subsecretários de Estado das Obras(...) 

 

 "(...) a doca de Olhão está integrada num conjunto de melhoramentos do importante porto comum de Faro-Olhão. Este porto vem sendo melhorado desde 1927: primeiro com a abertura de uma nova barra, concluída em 1937; depois, numa nova fase de trabalhos, iniciados em 1945 e há pouco concluídos, com o prolongamento dos molhes e construção da ponte-cais de Volta Vagarosa e seus acessos, rodoviário e ferroviário; mais tarde, ainda com a doca de pesca de Olhão, iniciada em primeira fase no ano de 1948, e agora concluída numa segunda fase. Despenderam-se com este conjunto de obras 48.850 contos, dos quais 11.700 contos com a construção da doca(...)

  

"A inauguração da doca de pesca de Olhão.

Após o almoço,, que se seguiu ás cerimónias atrás descritas, a comitiva ministerial dirigiu-se para Olhão, onde, á hora a que telefonamos, o sr. prof. dr Marcelo Caetano está procedendo ao acto inaugural da doca de pesca, uma importante obra incluída no plano de valorização do porto comum Faro-Olhão.

Esta doca de pesca, que tem 400 metros de comprimento por 150 de largura, não só abriga dos temporais as frágeis embarcações de pesca como também permite uma rápida descarga de peixe. Para esse efeito, está provida de um cais comercial, de uma ponte-cais para o serviço dos "cercos", de oito linguetas para descarga de peixe e ainda de dois pontões flutuantes para serviço das lotas. O plano inclinado de que dispõe a doca destina-se á carenagem  dos barcos de pesca e de navegação costeira e ainda das vedetas de fiscalização da nossa Marinha de Guerra.

Após a bênção, pelo sr. Bispo do Algarve, da doca e das embarcações lindamente engalanadas que nela se encontram, os membros do Governo e demais entidades farão uma visita á obra. O presidente da Camara Municipal pronunciará uma saudação a que responderá o sr. Ministro de Presidência.

O regresso do comboio ministerial a Lisboa está marcado para as 20 e 25."
in "Diário Popular" (28 de Maio de 1956).

 

Mais alguns detalhes no jornal "Diário de Lisboa" de 28 de Maio de 1956:

Imagem da capa:

sábado, 17 de abril de 2021

Tentativa de Rapto em Olhão (Outubro 1985)

Aconteceu em Olhão, 6 de Outubro de 1985, um dos momentos mais insólitos das Eleições Legislativas de 1985, o momento em que tentaram raptar um casal à da escola onde estava montada uma assembleia de voto.

 

"Diário de Lisboa"[07/10/1985]

 "Outro facto inédito que surgiu nestas eleições foi uma tentativa de rapto efectuada em Olhão, quando um casal de eleitores que vinha a sair de uma assembleia de voto foi forçado a entrar para dentro de um veículo de matrícula alemã. O rapto não se chegou a consumar porque os numerosos populares presentes no local contrariaram os intentos dos raptores, mas ainda se está por descobrir a razão deste estranho acontecimentos".

Mas afinal, os "raptores" eram Polícias:

"Diário de Lisboa"[09/10/1985]
 

"Raptores" de Olhão eram polícias.

Os indivíduos que tentaram no dias das eleições legislativas raptar um cidadão que tinha acabado de exercer o seu direito de voto eram agentes da Judiciária que o confundiram com "um perigoso cadastrado".
O esclarecimento foi prestado por um responsável daquela corporação, em Faro, quando comentava a cena de tiros verificada segunda-feira à noite em Olhão.
Os agentes da Judiciária confundiram Manuel da Silva Martins, que só conheciam por fotografia, com António da Silva baptista, este sim o cadastrado procurado pela justiça e com mandato de captura há mais de um ano. 

 No dia das eleições, Manuel Silva Martins foi interpelado à saída da escola de Olhão onde exerceu o seu direito de voto por um indivíduo que dizendo ser polícia o tentou sob ameaça de uma arma obrigar a entrar numa viatura automóvel.
Alertados pelos gritos de uma mulher que o acompanhava, numerosos populares juntaram-se em redor do carro tendo os alegados raptores, agora conhecidos como agentes da Judiciária, deixado Manuel Martins na rua e partiram em alta velocidade.
Depois de refeito do susto Manuel Martins queixou-se à PSP de Olhão que tomou nota do ocorrido e que imediatamente tentou averiguar o caso.
Na altura o queixoso declarou à PSP que "não fazia a menor ideia porque o queriam raptar".
Ficou assim esclarecido um caso que apenas se ficou a dever a precipitação dos agentes seguido de falta de serenidade. Não souberam desfazer o equívoco da multidão que ocorreu, supondo tratar-se de malfeitores e podiam dar azo a um incidente de proporções impreviveis."

 


 


sábado, 20 de março de 2021

Recorte [007] Olhão: pescadores recebem cinco mil (1981)

Recorte "Diário de Lisboa".
Data: 23-03-1981

"Olhão: pescadores recebem cinco mil".
Noticia relacionada com o incêndio de 14-03-1981 [Recorte 006].


Transcrição da notícia:

"Olhão: pescadores recebem cinco mil
O Governo atribuiu uma verba superior a cinco mil contos aos pescadores de Olhão afectados por um incêndio e a fim de os compensar (em parte) pelos prejuízos, segundo José Vitorino, deputado do PSD pelo círculo de Faro. Os pescadores perderam os motores, redes e artes no sinistro, ficando impossibilitados de qualquer actividade. Entretanto, os pescadores consideraram a verba escassissima, "dado não ser sequer suficiente para a reconstrução da meia dúzia de barracas, e muito menos para recuperar o equipamento destruido."


Editado por "Olhão do Antigamente".
>>Arquivo dos Recortes.

Recorte [006] Incêndio em Olhão: arderam quarenta barracas de pescadores (1981)

Recorte "Diário de Lisboa".
Data: 16-03-1981

"Incêndio em Olhão: arderam quarenta barracas de pescadores".
Incêndio em 14 de Março de 1981.

Transcrição da notícia:

"Incêndio em Olhão: arderam quarenta barracas de pescadores.
O levantamento dos prejuízos causados por um incêndio que destruiu, na madrugada do último sábado, quarenta barracas de pescadores, na cidade de Olhão, deverá ser efectuado ainda hoje. O que, segundo os bombeiros locais, teria sido motivado por uma vela acesa, numa daquelas barracas, teve início cerca das cinco horas, só ficando extinto quatro horas depois. Mais de meia centena de pescadores que se dedicavam à faina na ria de Olhão encontram-se impossibilitados de exercer a actividade, devido ao facto do sinistro ter destruído os seus apetrechos de pesca e, nalguns casos, os motores das embarcações."


Editado por "Olhão do Antigamente".
>>Arquivo dos Recortes.