sábado, 17 de abril de 2021

Tentativa de Rapto em Olhão (Outubro 1985)

Aconteceu em Olhão, 6 de Outubro de 1985, um dos momentos mais insólitos das Eleições Legislativas de 1985, o momento em que tentaram raptar um casal à da escola onde estava montada uma assembleia de voto.

 

"Diário de Lisboa"[07/10/1985]

 "Outro facto inédito que surgiu nestas eleições foi uma tentativa de rapto efectuada em Olhão, quando um casal de eleitores que vinha a sair de uma assembleia de voto foi forçado a entrar para dentro de um veículo de matrícula alemã. O rapto não se chegou a consumar porque os numerosos populares presentes no local contrariaram os intentos dos raptores, mas ainda se está por descobrir a razão deste estranho acontecimentos".

Mas afinal, os "raptores" eram Polícias:

"Diário de Lisboa"[09/10/1985]
 

"Raptores" de Olhão eram polícias.

Os indivíduos que tentaram no dias das eleições legislativas raptar um cidadão que tinha acabado de exercer o seu direito de voto eram agentes da Judiciária que o confundiram com "um perigoso cadastrado".
O esclarecimento foi prestado por um responsável daquela corporação, em Faro, quando comentava a cena de tiros verificada segunda-feira à noite em Olhão.
Os agentes da Judiciária confundiram Manuel da Silva Martins, que só conheciam por fotografia, com António da Silva baptista, este sim o cadastrado procurado pela justiça e com mandato de captura há mais de um ano. 

 No dia das eleições, Manuel Silva Martins foi interpelado à saída da escola de Olhão onde exerceu o seu direito de voto por um indivíduo que dizendo ser polícia o tentou sob ameaça de uma arma obrigar a entrar numa viatura automóvel.
Alertados pelos gritos de uma mulher que o acompanhava, numerosos populares juntaram-se em redor do carro tendo os alegados raptores, agora conhecidos como agentes da Judiciária, deixado Manuel Martins na rua e partiram em alta velocidade.
Depois de refeito do susto Manuel Martins queixou-se à PSP de Olhão que tomou nota do ocorrido e que imediatamente tentou averiguar o caso.
Na altura o queixoso declarou à PSP que "não fazia a menor ideia porque o queriam raptar".
Ficou assim esclarecido um caso que apenas se ficou a dever a precipitação dos agentes seguido de falta de serenidade. Não souberam desfazer o equívoco da multidão que ocorreu, supondo tratar-se de malfeitores e podiam dar azo a um incidente de proporções impreviveis."

 


 


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